Virtualmente em Marte - Minha Experiência como Astronauta Análogo na Estação Habitat Marte24/2/2022
Author: Maurício PontesOperational Safety & Crisis Manager, Pilot, Air Accident Investigator Encerramos após 11 dias (ou 11 sois, como denominamos o dia em Marte) a missão análoga (virtual) #96, celebrando quatro anos do estabelecimento da Estação Habitat Marte. Tive o privilégio de representar a InnovaSpace nessa experiência, que se revelou produtiva e instigante. As missões virtuais foram criadas em função da pandemia de COVID-19, como forma de manter a estação operando e fomentando o intercambio de experiências e informações sobre Marte e os desafios de se chegar ao planeta vermelho. A pioneira estrutura análoga, entretanto, é muito mais que isso. Localizado no agreste do Rio Grande do Norte, na cidade de Caiçara do Rio do Vento, o Habitat Marte é uma base física onde as condições inóspitas do terreno e algumas características relacionadas ao solo local propiciam um sítio ideal ao estabelecimento de missões com variados focos de pesquisa. Uma palavra que está sempre presente é sustentabilidade. Numa missão virtual, um clima de imersão e interação entre os cinco tripulantes é estimulado pela rotina de atividades como coleta de dados, apresentação de relatórios sobre o estado físico e mental e, ao longo dessa jornada, vai se criando uma atmosfera de imaginação coletiva acerca da presença no planeta vermelho, com o benefício da dinâmica das relações por interações remotas. Cada tripulante recebeu a incumbência de ser responsável por uma das estruturas críticas da estação (Estação Central e Centros de Engenharia, Saneamento, Saúde e Lançamento). Ao final, cada membro da missão fez uma apresentação sobre sua área de responsabilidade, encerrando a missão. Minha experiência pessoal na missão virtual foi ser o responsável pelo Centro de Lançamento (e retorno). Além de estar comprometido com a operacionalidade dessa área, incluí na rotina de relatórios o status “go & no go”, em função das condições técnicas ou meteorológicas, de modo a manter a estação ciente da viabilidade de um lançamento emergencial. A rotina de envio de relatórios é o grande gerador de valor para a simulação e vai ao encontro dos aspectos humanos: discutíamos situações que não decorreram de inputs do simulacro. Trocávamos informações e fotos, fomos inspirados a viver uma realidade paralela e a explorar nossa criatividade. Conversas sobre a missão e até pessoais foram constantes através de plataforma de mensagens e me mantiveram em constante “presença” naquela estação. Os dois relatórios de rotina diários (meteorologia e condições pessoais, como saúde, motivação, estado mental e satisfação com a missão e suas especificidades) eram enviados por um aplicativo e nos lembravam da nossa responsabilidade na jornada. Há potencial para ainda mais integração, pois nenhuma missão é igual à outra. Quem sabe, no futuro, um ambiente visual via aplicativo que possa até ser compartilhado com óculos de realidade virtual e celular não elevem ainda mais esses efeitos? Minha conclusão foi a de que estímulo ao pensamento, diversidade e o fator lúdico já são uma ferramenta de integração e compromisso com a missão de grande valor.
Parabéns aos tripulantes da Missão 96 e em especial ao Prof. Julio Rezende, pelo pioneirismo, determinação e criatividade. Próximo passo: a missão presencial! Comments are closed.
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