Tiyoko HashimotoInstrutora de mergulho livre, mergulho autônomo e mergulhadora em formação no mergulho profissional raso LinkedIn Profile O mergulho faz parte de uma série de habilidades para quem busca a carreira astronáutica. Por quê? A água é cerca de 800 vezes mais densa que o ar, o que dificulta a movimentação subaquática, exigindo além de mais esforço, uma movimentação mais lenta para evitar fadiga que pode levar mergulhadores inexperientes a até abortar o mergulho. Além disso, a flutuabilidade neutra, ou seja, a capacidade de "boiar" na água permite que o praticante tenha a sensação semelhante à da microgravidade. Para fazer uso da flutuabilidade neutra como treinamento, as agências espaciais têm usado, ao longo dos anos, laboratórios subaquáticos como o NBL (Neutral Buoyancy Laboratory), localizado em Houston, no Texas, Estados Unidos e que faz parte do complexo da NASA. Segundo a NASA, possui 61,21 metros de comprimento, 30,90 de largura e 12,12 metros de profundidade e permite treinamentos como caminhadas espaciais, comunicação e segurança, além de permitir testes com equipamentos de vídeo e trajes espaciais. Na ESA (Agência Espacial Europeia), em Colônia, Alemanha, os astronautas são certificados no nível de mergulhadores de resgate. Esse conhecimento, segundo a ESA, permite melhor desempenho dos astronautas nas caminhadas espaciais e permite que previnam problemas e saibam lidar com emergências de modo adequado. De acordo com a NASA, os astronautas utilizam nitrox (mistura de nitrogênio com uma porcentagem maior de oxigênio, também conhecido como ar enriquecido no mergulho) durante as sessões de treinamento no NBL. No mergulho dependente saturado não há perda de ar, nem se solta bolhas, como ocorre no mergulho recreativo. Todo o material exalado durante um mergulho saturado, que pode ir até 320 metros de profundidade, é recaptado, reciclado, para depois ser usado novamente na respiração. Isso ocorre porque o gás em questão, além do oxigênio, é o hélio, que tem um custo bastante elevado. Alguns filmes de grande bilheteria, como Armageddon (1998) do diretor Michael Bay, já se aproximaram do tema de usar plataformas de petróleo como referência de um universo remoto; esse é um outro ponto importante em que se associa o uso do mergulho no treinamento de astronautas: o isolamento social e físico. Debaixo d'água usa-se comunicação por meio de sinais padronizados mundialmente e segue-se protocolos simples e claros para a comunicação não verbal. Os equipamentos de astronautas e mergulhadores profissionais profundos possuem fonia, ou seja, um equipamento que permite a comunicação oral. Em situações extremas, no entanto, quando a fonia se rompe ou há interferências impossibilitando a comunicação, a comunicação não-oral ainda se mostra importante, como podemos observar em uma cena de extremo stress do filme baseado em fatos reais, Last Breath (2019), em que um mergulhador profissional se vê sozinho no fundo do Mar do Norte sem suprimento de ar aos 90 metros de profundidade. O filme reflete também mais uma equivalência utilizada durante os treinamentos de mergulho nos de astronáutica: o preparo mental. Durante um mergulho, facilmente as coisas podem sair errado e, para cada situação de emergência, há um protocolo a ser seguido. As causas dos acidentes de mergulho, segundo o presidente da DAN (Divers Alert Network), em 88% das fatalidades ocorreram na primeira viagem de mergulho, sendo que o maior fator foi o erro humano.
Entende-se que o treinamento de astronautas na água permite uma maior familiaridade do profissional com os procedimentos necessários em cada tarefa, o que significa redução nos custos operacionais, maior confiança e segurança para a realização das missões bem como maior probabilidade de sucesso. Comments are closed.
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