Autores: Beatriz Helena Ramos Reis*, Bruno Veiga Fontes de Carvalho*, Prof Jonas Lírio Gurgel**, Prof Flávia Porto**Instituto de Educação Física e Desportos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ![]() A pandemia de COVID-19 gerou a necessidade de utilizar medidas de distanciamento social para que haja a redução da disseminação do novo coronavírus. Contudo, têm-se percebido prejuízos na saúde física e mental dos indivíduos, porque a mudança brusca na rotina resultou em um novo estilo de vida das pessoas, que passaram a viver em confinamento. Aumento de preocupações, ansiedade, tristeza prolongada e sedentarismo são algumas das consequências ocasionadas ou agravadas pelo isolamento. Como forma de minorar esses efeitos, o exercício físico continua sendo reconhecido como uma estratégia não-medicamentosa eficaz que auxilia na prevenção e no tratamento de doenças físicas, metabólicas e/ou psicológicas. Entretanto, a suspensão e a limitação do uso de estabelecimentos, como academias de ginástica e clubes esportivos, para evitar aglomeração, levaram muitas pessoas a praticar atividades físicas regulares em casa. Nesse contexto, percebeu-se um fenômeno interessante na internet, que foi o aumento da busca por informações online. O Google Trends, por exemplo, é um recurso que expõe os termos mais pesquisados em diferentes lugares do mundo e revela sua popularidade em uma escala de 0 a 100. Nele, foi possível identificar o aumento da busca por informações relacionadas às consequências e necessidades geradas pela pandemia. Nesse contexto, vimos que, no Brasil, as buscas pelo termo “exercício físico em casa”, em Português, antes de março de 2020, teve popularidade baixa (oscilando na escala entre 0% e 25% de procura via Google). Após esse mês, quando se iniciou o distanciamento social no país, a busca pelo termo oscilou, aproximadamente, entre 40% e 100% até o momento atual. Ao analisar o termo “physical exercise at home”, em Inglês, notou-se que, em janeiro de 2020, as buscas estavam entre 0% e 25%. De fevereiro até maio deste ano, as buscas estiveram entre 25% e 100%, diminuindo em junho, momento em que vários países afrouxaram as regras de isolamento. Ao observar esses dados, notamos um aumento considerável na popularidade dos termos durante esse período, demonstrando um maior interesse de internautas sobre o assunto. Essas oscilações parecem ter relação com o fechamento e abertura de comércio e demais atividades no mundo. ![]() Interessante também mencionar a necessidade de adaptar os exercícios a ser realizados em casa. Dessa forma, percebeu-se que o interesse por equipamentos esportivos para realizar exercícios físicos em casa também aumentou, sendo demonstrado nas buscas no Google. A pesquisa pelo termo “equipamentos para atividade física”, nos dois primeiros meses desse ano, estava próxima a zero em níveis de interesse; já em março, o interesse aumentou bastante, chegando a atingir 100 no mês de abril. Em todo mundo, o termo “equipment for physical activity”, pesquisado na língua inglesa, mostrou pico de interesse (100 na escala) no mês de fevereiro e menor interesse próximo ao início de junho (0 na escala). Como a pandemia ainda não está controlada, inclusive com previsão de novas ondas de contágios e mortes, é bem provável que os hábitos das pessoas mudem, realmente, como forma de adaptação à nova realidade. Apesar da reconhecida resiliência das pessoas, não se pode negar que os prejuízos psicológicos são evidentes e, muitas vezes, é até difícil entender esses sentimentos e lidar com a magnitude que podem atingir. Pensando nisso, repetimos o processo de investigação no Google Trends e verificamos que o termo “depressão na quarentena” não apresentava interesse da população Brasileira entre janeiro e início de março (0 na escala) – esse desinteresse deve-se, provavelmente, ao fato de que ainda não existia o confinamento social no Brasil. Porém, a partir de março, a busca pelo termo cresceu muito, atingindo o pico de pesquisa (100 na escala) no início do mês de maio. Quando pesquisado, em Inglês, o termo “quarentine depression” também não houve interesse pela população mundial entre os meses de janeiro até o início de março. A partir daí, iniciou-se um aumento exponencial pela procura do termo, atingindo seu pico no mês de abril e, após, uma sequente diminuição até o mês de junho. Do espaço ao COVID-19: o que podemos aprender? Astronautas devem saber lidar com o confinamento e, apesar de serem submetidos a diversos tipos de treinamento para cumprir de forma adequada as missões espaciais, efeitos psicológicos provocados pelo confinamento são relatados na literatura. No caso da COVID-19, não houve preparo para essa nova realidade. Estamos todos tentando desenvolver mecanismos para desenvolver resiliência e melhor lidarmos com a pandemia e todos os acontecimentos relacionados à ela. A internet torna-se uma aliada, uma companhia provedora de informações e possibilidades de compras para as pessoas. O desafio agora é lidar com essa quantidade de informações, separando-as em relação à veracidade e à aplicabilidade.
Gabriella
4/8/2020 05:23:46 am
Adorei o texto, tema muito bem abordado e de grande importância pra compreendermos as mudanças de hábitos durante a pandemia e como os exercícios são essenciais para nossa saúde tanto física quanto mental. Muito interessante! Comments are closed.
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