Authors: Prof Flávia Porto*, Prof Nádia Souza Lima da Silva* and Prof Jonas Lírio Gurgel***Instituto de Educação Física e Desportos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) A pandemia do coronavírus (COVID-19) nos impõe poucas estratégias de enfrentamento, das quais se destaca o isolamento social. Se por um lado tal medida proporciona uma eficaz forma para reduzir a proliferação do vírus, por outro, traz uma gama de problemas para os indivíduos e para as famílias, em especial para os idosos, como limitá-los a participarem presencialmente de programas de promoção da saúde. Em uma sociedade altamente conectada, através da internet, boa parte dos idosos ainda compõe o grupo dos excluídos digitais, apresentando uma maior resistência ao uso de ferramentas de tecnologia digital. A atual conjuntura vem impondo mudanças em nosso comportamento, servindo de catalisador para modificações dos hábitos de todos, levando-nos a aumentar o uso de ferramentas digitais de modo a mitigar o distanciamento social. Neste contexto, formas visando a continuidade de programas de exercícios físicos durante o isolamento social, principalmente para a população idosa, são essenciais para a manutenção da saúde, devendo fazer parte das políticas públicas. Diante desse quadro, a telessaúde ressurge como mais uma ferramenta de promoção e prevenção da saúde, as quais são ainda mais essenciais na atual conjuntura. A estratégia de utilizar ferramentas digitais, como vídeos e webconferência, possibilita a continuidade dos programas de promoção da saúde através do exercício físico, que são essenciais para superar o desuso imposto pelo confinamento. Neste sentido, gostaríamos de dividir nossa experiência com o uso da telessaúde para a continuidade do programa Idosos em Movimento: Mantendo a Autonomia (IMMA). Como surgiu o IMMA? Em 17 de outubro de 1989, o professor Dr. Alfredo Gomes Faria Júnior (22/08/1937 – 11/06/2019), doutor Honoris Causa pela Universidade do Porto, criou o Projeto IMMA, que oferece atividades e avaliações físicas regulares e gratuitas a pessoas com mais de 60 anos de idade na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Brasil. À época, ainda era cedo para pensar no processo de envelhecimento que os aposentados poderiam ter no nosso país. A pirâmide demográfica brasileira e todo o contexto socioeconômico da época mostravam que cuidar das pessoas mais velhas "não era importante". O tempo mudou, a evolução científica e da sociedade mundial provou que a longevidade pode (e deve) ser acompanhada de mais autonomia e qualidade de vida para o indivíduo. A criação do IMMA foi um dos marcos históricos, no Brasil, que interferiu no pensar em promoção da saúde de idosos, prevendo que sim, essas pessoas estariam aposentadas, mas que ainda constituir-se-iam como parte da sociedade e que deveriam ser, portanto, incluídas. Com um grande salto cronológico, o IMMA segue inovando e tentando incluir idosos em uma sociedade que volta a discutir sobre a importância dos mais velhos na composição da nossa comunidade. Quando o presidente Jair Bolsonaro propõe o isolamento vertical, ou seja, que idosos mantenham-se em casa, sem contato com os mais novos, para que estes possam continuar gerando as riquezas necessárias ao país; quando falas recentes do novo Ministro da Saúde relatam que, se fôssemos escolher entre salvar um idoso ou um adolescente, por questões econômicas, deveriam dar prioridade ao jovem, é hora de voltarmos a defender a parcela da população que está mais vulnerável. O IMMA na atual conjuntura Vivemos em um momento de crise com o novo coronavirus e as autoridades locais pedem que fiquemos isolados em casa, sempre que possível. Por esse motivo, as atividades da UERJ estão suspensas. Nesse contexto, pensando na importância de seus alunos permanecerem fisicamente ativos, o IMMA decidiu não parar. De forma inovadora, as atividades físicas sempre orientadas presencialmente, além de abraços e cumprimentos “ao vivo”, deram espaço para uma troca maior de mensagens via WhatsApp. A grande preocupação da equipe do IMMA foi minimizar as perdas funcionais que a inatividade física poderia causar aos idosos, tanto do ponto de vista cognitivo quanto físico. Assim, inicialmente foram propostos jogos cognitivos diários; esse foi o tempo necessário para que a equipe montasse rotinas de treinos para serem realizados em casa pelos idosos. A adesão foi imediata, a interação foi grande e o ânimo aumentou para todos nesse tempo de incertezas. Relatos bem humorados e de agradecimentos também surgiram dos familiares dos idosos. Após a rodada de jogos cognitivos vieram as primeiras aulas de exercícios físicos, que tiveram a adesão de pais dos estudantes de Educação Física, membros da equipe do IMMA, que serviram como modelos em seus vídeos e fotos instrucionais (como projeto universitário, convém mencionar que o IMMA serve como um campo de atuação pedagógica a acadêmicos de Educação Física da UERJ). A adesão dos participantes foi inspiradora, principalmente porque idosas passaram a enviar vídeos e fotos de suas rotinas individuais. Por fim, o IMMA segue nesse tempo confuso e difícil mantendo o seu compromisso social, inovando, estimulando e contribuindo para a saúde e a qualidade de vida dos seus usuários, demostrando que podemos nos unir, mesmo distantes, para combater os efeitos adversos do confinamento. Comments are closed.
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